“Diálogos pela Equidade na Educação: contribuições da pesquisa aplicada” reúne cerca de 300 pessoas em São Paulo

“Todos nós temos o sonho de ver a educação do Brasil em outro patamar, com qualidade e equidade para todas(os)”. Foi com esta frase que Eduardo Marino, gestor de Conhecimento Aplicado do Centro Lemann, abriu o evento “Diálogos pela Equidade na Educação: contribuições da pesquisa aplicada”, na sede do Insper, em São Paulo, no dia 22 de agosto.

A iniciativa, realizada pela Fundação Lemann, em parceria com o Centro Lemann e Neri – Núcleo de Estudos Raciais do Insper, reuniu cerca de 300 pessoas, que lotaram o anfiteatro e duas salas da universidade no bairro do Itaim Bibi, para debater como potencializar a inserção da equidade na agenda da pesquisa aplicada, com foco na Educação Básica.

“Tivemos a divulgação dos dados do Ideb, que mostram as médias para saber onde a aprendizagem evoluiu ou não. Essas médias respondem a alguns tipos de perguntas, mas a outras não, como a da garantia da equidade. Temos essa dificuldade de colocar a equidade no centro. Olhar só para o Ideb não nos dá a visão de como estão as desigualdades”, ressaltou Daniel De Bonis, diretor de conhecimento, dados e pesquisa da Fundação Lemann, em sua fala de abertura.

Para Anna Penido, diretora-executiva do Centro Lemann, a pesquisa aplicada tem papel essencial para a coleta de dados e evidências que desenhem o cenário das desigualdades. “Quando a gente mostra dados com recortes de desigualdades, as(os) prefeitas(os) se assustam, porque nunca foram apresentadas(os) a esse tipo de informação. Precisamos de mais dados que evidenciem as desigualdades, mas também que apresentem soluções para a tomada de decisão. Apoiar a pesquisa aplicada é essencial para que seus resultados possam orientar a tomada de decisão”.

Painéis temáticos e de pesquisas

O primeiro painel temático do evento discutiu os “Desafios para promover equidade na educação por meio da pesquisa aplicada”. Sonya Douglass, professora e pesquisadora do Teachers College, na Universidade de Columbia, chamou a atenção para a importância de um  currículo que não deixe de lado o ensino da história e cultura afro-americana nas escolas: “Estamos lidando com líderes políticos que proíbem livros e o ensino da nossa história. Não podemos deixar que eles determinem as informações que nossos filhos têm acesso. Temos que dialogar para garantir que os representantes que escolhemos lutem pelas causas que nos preocupamos e pelos nossos valores, que inclui o acesso à educação para nossas crianças”.

Michael França, coordenador do Núcleo de Estudos Raciais do Insper – Neri, destacou que “a educação é importante para enfrentar as desigualdades, mas não se pode jogar tudo nela. Com a pesquisa aplicada, podemos ter um entendimento das variáveis que afetam a equidade e desenvolver políticas públicas que respondam a esses desafios com intervenções mais robustas, a partir de projetos pilotos”.

Martin Carnoy, economista e professor da Universidade de Stanford, trouxe dados que afirmam que o gasto por aluno e o investimento na formação de docentes aumentaram na América Latina nas últimas décadas, mas que o Brasil piorou na desigualdade. “Há seis países com um aumento considerável no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes): Brasil, México, Argentina, Chile, Peru e Uruguai. Os investimentos fizeram com que os resultados melhorassem como um todo, porém, no Brasil, observou-se um aumento da desigualdade quando comparamos o desempenho de crianças mais privilegiadas em relação às de baixa renda. Reduzir as desigualdades nas escolas significa moldar os sistemas educacionais. É preciso um esforço coordenado para isso, que só é possível com as condições políticas corretas. Políticas de tributação e investimentos públicos podem apoiar a redução de desigualdades”.

Na segunda parte do evento, o painel “Pesquisas aplicadas em equidade na Educação Básica” distribuiu o público em três salas simultâneas, em que pesquisadores de diferentes instituições do País e do exterior lançaram 18 pesquisas. Cada sala contou com uma(um) mediadora(or) para discutir pesquisa aplicada em torno de três temas: “Gestão de redes municipais de educação e territórios”; “Dados e indicadores educacionais”; e “Gestão pedagógica e ambientes educacionais”.

Entre as pesquisas inéditas apresentadas, destaca-se o estudo “Gestão das redes de ensino e clima escolar: mapeamento das ações e uma proposta de matriz avaliativa sensível à equidade”, desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisa em Desigualdades Escolares da Universidade Federal de Minas Gerais (Nupede/UFMG), uma das seis pesquisas que foram fomentadas pelo Centro Lemann.

O trabalho concluiu que 45,7% das secretarias estaduais e municipais de educação avaliadas no País estão “parcialmente estruturadas” para gerir o clima e a convivência no ambiente escolar, e possuem algumas iniciativas voltadas para questões como violência, bullying e racismo, mas ainda não estão no nível máximo (“muito estruturado”) – patamar atingido por apenas oito redes (4,1%). 17,3% delas (34 secretarias), estão em um grupo intermediário, classificado como “estruturado”. O trabalho avaliou 196 secretarias de educação nas cinco regiões do Brasil.

Tarde com especialistas de diferentes áreas do conhecimento

Após o almoço, no painel “Pesquisa, educação integral e desigualdades”, o economista Ricardo Paes de Barros, do Insper, trouxe uma importante provocação sobre educação integral e desigualdades: “A educação integral reduz a desigualdade, aumenta a escolaridade e garante maior melhora no desempenho para a(o) estudante que sabe menos. Se estamos preocupados com a desigualdade, melhor começar debaixo para cima, com as escolas que têm pior desempenho e partir, depois, para aquelas com melhor desempenho”, indicando onde a pesquisa aplicada pode ser mais eficaz.

Roberta Biondi, do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social da FEA-RP/USP – Lepes, concordou com Paes de Barros: “É preciso pensar em uma política estruturada e são as pesquisas que vão embasar as políticas públicas. Talvez o Ceará tenha reduzido a desigualdade por ter começado com as escolas que tinham maior desigualdade”.

“Parcerias para fomentar pesquisa aplicada e promover equidade: cenário e oportunidades” foi o tema do quarto painel do dia, em que Kátia Schweickardt, secretária de Educação Básica no MEC, defendeu que o Brasil precisa medir o combate à desigualdade. “Nossa grande chaga é que nos organizamos enquanto país como uma sociedade racista. É preciso criar um indicador de equidade, que faça as escolas terem um avanço nos próximos anos”.

Para Iara Rolnik, diretora de programas no Instituto Ibirapitanga, “a maioria das lideranças de pesquisa para a equidade racial são brancas. A filantropia precisa centralizar o apoio institucional nos grupos de pesquisa para equidade racial. Esse é o primeiro tema a sofrer com as marés de retrocessos”.

O último diálogo do evento trouxe o tema “Dados e indicadores para promover equidade”. José Francisco Soares, professor emérito da UFMG, afirmou que raça e gênero não são suficientes no Brasil para um retrato das escolas, por isso, é necessário incluir o viés socioeconômico e, também, reforçou: “Se não há aprendizado, não há direito. É preciso colocar a desigualdade no indicador e no centro do debate. Os mesmos números que geram o Ideb como estão hoje, podem gerar outros dados”.

Guilherme Lichand, de Stanford, ressaltou que pesquisas censitárias nacionais podem ter um avanço rápido e efetivo ao reconhecer melhor seus estudantes e se aproximar do chão da escola. De acordo com o pesquisador, isso se dá devido à coleta de grandes dados, como o Censo Escolar, serem feitas a partir de heteroidentificação, com pouca consulta ao aluno em relação à sua raça ou possibilidade de apresentar deficiência ou transtorno educacional. 

Para saber mais sobre painéis e especialistas do evento, clique aqui.

Assista ao evento, na íntegra, clicando aqui.

Instituições de seis países realizam imersão em Sobral para formar coalizões pela alfabetização na América Latina

Centro Lemann coordena a  “Jornada de Implementação”, primeira etapa do processo da iniciativa para alcançar a alfabetização de todas as crianças latino-americanas

De 11 a 15 de agosto, 40 lideranças de 26 organizações da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru se reuniram em Sobral(CE) para participar de uma imersão e conhecer a experiência da rede de educação do município, iniciando um processo de colaboração regional.

A atividade integra uma ampla iniciativa liderada pelo Instituto Natura com apoio da Fundação Lemann, Fundação Coppel, Centro Lemann e Argentinos por la Educación,  e se concretiza por meio da articulação de duas jornadas que se complementam: 

  • Jornada de incidência política, para impulsionar mudanças nas políticas educacionais e campanhas para criar massa crítica sobre o tema;
  • e a Jornada da implementação, para apoiar a evolução das coalizões nacionais entre organizações financiadoras e implementadoras de programas de alfabetização junto ao poder público.

A Jornada da Implementação, cuja coordenação está sob responsabilidade do Centro Lemann, pretende promover colaboração e troca de conhecimentos, experiências e soluções entre instituições dos países participantes, de maneira a fortalecer a sua atuação no nível nacional ou subnacional.

A imersão em Sobral teve como objetivo iniciar essa trajetória e engajar as lideranças, promovendo oportunidades de trocas transnacionais que ampliem a capacidade das coalizões de desenvolver e implementar estratégias efetivas para alcançar a alfabetização plena e na idade adequada de todas as crianças latino-americanas, além de inspirar as lideranças com a revolução educacional pela qual passou o município.

Programação e participantes

Durante os quatro dias de imersão, as(os) participantes conheceram a política educacional sobralense. Nas escolas de Ensino Fundamental e de Educação Infantil, conversaram com as gestoras(es) escolares, estudantes e professoras(es) para se aprofundar nas estratégias da rede de ensino, que fortaleceram a educação pública da cidade, referência no Brasil e no mundo.

Em outros momentos da agenda, puderam dialogar com lideranças políticas locais, participar de rodas de conversa para discutir o papel do terceiro setor nos avanços da alfabetização em nosso continente e dar suas contribuições para o desenho coletivo do Compromisso.

Também foram criados espaços para fortalecer vínculos e trocas entre lideranças e países e condições para que as interações continuem remotamente, culminando na estruturação do Compromisso, quando todas as instituições se juntarão às organizações participantes da Jornada de Incidência Política.

Nesta etapa de imersão em Sobral, além do Centro Lemann, as seguintes instituições estiveram representadas e trabalharão juntas para cumprir os propósitos da Jornada de Implementação: Argentinos por la Educación, Associação Bem Comum, Ciae Universidad de Chile, CIIPME (CONICET – Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas), Enseña Perú, Faro Social y Educativo, Fundação Lemann, Fundación Compartamos, Fundación Coppel, Fundación Luker, Fundación Perez Companc, Fundación Rassmuss, Fundación Zorro Rojo, Grupo de Empresas y Fundaciones (GDFE),  Instituto y Fundación CMPC, Instituto Natura, Instituto Natura América Hispana, Instituto Natura Argentina, Instituto Natura México, Por un Chile que Lee, Propuesta Dale, PUC Chile, SUMMA, Unesco e Universidad de Chile.

Evento “Diálogos pela Equidade na Educação: contribuições da pesquisa aplicada” está com inscrições abertas

Promovido por uma parceria entre Fundação Lemann, Centro Lemann e Núcleo de Estudos Raciais (Neri) do Insper, o evento levará grandes nomes da pesquisa e do debate educacional brasileiro à sede do Insper no dia 22 de agosto, em São Paulo.

Estão abertas as inscrições para o evento “Diálogos pela Equidade na Educação: contribuições da pesquisa aplicada”, agenda criada em parceria entre Fundação Lemann, Centro Lemann e Insper com o objetivo de articular pesquisadoras(es), lideranças educacionais e especialistas para compartilhar e potencializar a inserção da equidade na agenda de pesquisa aplicada voltada à Educação Básica.

Com data marcada para o próximo dia 22 de agosto, no Insper, o encontro tem inscrições gratuitas e limitadas para pesquisadoras(es), comunicadoras(es), lideranças nacionais especialistas em educação e em equidade e investidoras(es) em pesquisa aplicada dos setores público e privado.

Diálogo

Embora as desigualdades de aprendizagem sejam um fato indiscutível, seu enfrentamento ainda necessita de mais diálogos e produção de pesquisa aplicada. Ao mesmo tempo, é necessário que lideranças políticas e educacionais estejam comprometidas com soluções para vencer esse desafio e possuam subsídios robustos para tomar decisões que tragam respostas efetivas para os problemas.

Por isso, as instituições organizadoras do evento vão proporcionar um dia de discussões e debates para refletir sobre as diferentes perspectivas que envolvem o papel da pesquisa aplicada no trabalho de quem decide os destinos da educação, para que possa ser acessada por todas(os) estudantes, sem exceção.

O primeiro painel, “Desafios para promover equidade na educação por meio da pesquisa aplicada”, terá a participação de Sonya Douglass, do Teachers College, Columbia, Martin Carnoy, de Stanford, e Michael França, do Núcleo de Estudos Raciais do Insper – Neri, com mediação de Anna Penido, diretora-executiva do Centro Lemann.

Na segunda parte da manhã, 18 pesquisadoras(es) de diferentes instituições e regiões do Brasil compartilharão resultados de pesquisas realizadas no País em três mesas simultâneas. Entre essas(es) pesquisadoras(es), equipes que receberam fomento do Centro Lemann (Chamada Aberta 2022) apresentarão seus trabalhos finais.

A mediação será das(os) consultoras(es) do Programa de Fomento, Tatiane Cosentino Rodrigues, pesquisadora da UFSCar, membro do Comitê de Especialistas do Centro Lemann e Leandro Marino, estatístico e gerente educacional da Fundação Bradesco, além de Fernando Carnaúba, professor assistente em Stanford e co-fundador do Instituto Canoa.

À tarde, no painel “Pesquisa, educação integral e desigualdades”, Daniel Duque, pesquisador do Neri/Insper e da Norwegian School of Economics, Ricardo Paes de Barros, do Insper, e Roberta Biondi, do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social da FEA-RP/USP – Lepes,  abordarão a educação integral sob as lentes da equidade, a partir dos achados de suas pesquisas. A mediação será de Carolina Ilídia, gerente de educação da Fundação Lemann.

Em seguida, no painel “Parcerias para fomentar pesquisa aplicada e promover equidade: cenário e oportunidades”, Kátia Schweickardt, secretária de Educação Básica no MEC, Iara Rolnik, diretora de programas no Instituto Ibirapitanga, e Matheus Gato, coordenador de projetos do Afrocebrap, vão conversar com Paulo Blikstein, professor na Universidade de Columbia, onde dirige o Transformative Learning Technologies Lab, o Lemann Center for Brazilian Studies e a Iniciativa Paulo Freire.

Para encerrar as exposições do dia, José Francisco Soares, professor emérito da UFMG, Priscilla Bacalhau, pesquisadora da Escola de Economia da FGV e colunista da Folha, além de Guilherme Lichand, de Stanford, realizarão o painel “Dados e indicadores para promover equidade”. Eloya Rocha, coordenadora de equidade racial da Fundação Lemann, vai moderar a reflexão sobre a importância de dados e indicadores na redução de desigualdades e na promoção da equidade na Educação Básica.

As inscrições para participar podem ser feitas gratuitamente, por meio deste formulário: link

As vagas são restritas. Garanta já a sua!

AGENDA DO DIA

9h às 9h30 – Boas-vindas e abertura institucional 

9h30 às 10h30 – Painel “Desafios para promover equidade na educação por meio da pesquisa aplicada”

10h50 às 12h40 – Painéis “Pesquisas aplicadas em equidade na Educação Básica”

14h10 às 15h10 – Painel “Pesquisa, educação integral e desigualdades “

15h40 às 17h – Painel “Parcerias para fomentar pesquisa aplicada e promover equidade: cenário e oportunidades”

17h às 17h45 – Painel “Dados e indicadores para promover equidade”

17h45 às 18h – Encerramento

Veja a programação na íntegra.

Sobre as instituições organizadoras do evento

Fundação Lemann – organização de filantropia familiar cuja atuação está fundamentada em dois focos estratégicos: educação e lideranças. Desde o plano de longo prazo desenhado em 2021 tem compromisso transversal com a equidade, especialmente racial. Historicamente, a Fundação Lemann investe em universidades, por meio de bolsas de estudos e fomento à pesquisa, apoiando Programas e Centros dentro e fora do país, em especial para a realização de pesquisas e formação de lideranças voltadas à transformação do Brasil em uma nação mais justa e avançada para todas(os). Parte de seu plano para os avanços da educação até 2031 é ampliar a discussão e a produção de pesquisa sobre equidade na educação, fortalecendo o ecossistema e os debates para os próximos anos, com compartilhamento de aprendizados e conhecimentos.

Centro Lemannorganização independente, apartidária e global idealizada pela Fundação Lemann e inspirada pelo município de Sobral, no Ceará. Nossa razão de existir está em apoiar e motivar a formação de lideranças políticas e educacionais para que promovam Educação Básica de qualidade com equidade no Brasil e no sul global. Também fomentamos a produção de conhecimento aplicado para que as lideranças possam tomar decisões com base em dados e evidências.

Insper – instituição sem fins lucrativos dedicada ao ensino e à pesquisa cuja missão é promover a transformação do Brasil por meio da formação de líderes inovadores e pesquisa aplicada — atuando com excelência acadêmica e visão integrada das áreas de conhecimento.

Núcleo de Estudos Raciais (Neri)rede voltada para a produção e difusão de pesquisas e evidências empíricas. A partir de uma rigorosa análise dos dados, apoia o debate público de modo multitemático, buscando entender as diversas dimensões que afetam a mobilidade social do Brasil, e como as desigualdades se manifestam e se reproduzem. A missão do núcleo é contribuir para que o resultado da vida das(os) brasileiras(os) não seja um reflexo do lugar onde nasceram, da renda, da classe social, do gênero e da raça. Faz parte do Insper.

Lançada a Latam Hub, uma coalizão pelo desenvolvimento de lideranças escolares da América Latina

O Centro Lemann e a Global School Leaders lançaram, na cidade de São Paulo, nos dias 15 e 16 de julho, a Latam Hub, uma coalizão latino-americana com foco no desenvolvimento da liderança escolar na região.

A partir de um diagnóstico sobre o contexto e as organizações da sociedade civil que se destacam pelo trabalho focado em lideranças escolares, cinco instituições sediadas na Argentina, no Brasil, na Colômbia, no México e Peru foram convidadas para este primeiro encontro, em que dialogaram sobre os principais desafios, oportunidades e diferenciais das organizações e países envolvidos.

Da reunião, saiu uma primeira proposta para o lançamento da coalizão. A ideia é que seja um espaço de trocas, curadoria e geração de evidências e criação de referências de políticas públicas, tendo sempre lideranças escolares como protagonistas do processo.

“A mudança que buscamos não é somente de práticas, mas também de crenças. É uma mudança profunda, de sentimentos, de valores, que demanda tempo para que seja transformadora. Então nós saímos daqui entusiasmadas(os) com todas as possibilidades postas e ansiosas(os) pelos próximos passos”, ressaltou Anna Penido, diretora-executiva do Centro Lemann.

Participaram desse primeiro encontro, ao lado do Centro Lemann e da Global School Leaders, as instituições Educando (México), Empresarios por la Educación (Colômbia), Enseña Peru (Peru) e Varkey Foundation (Argentina).

Pesquisa com Lideranças Escolares 2023 | Perspectivas sobre Gênero –Relatório para o Brasil

Você tem em mãos a “Pesquisa com Lideranças Escolares 2023 | Perspectivas sobre Gênero – Relatório para o Brasil”. O relatório resume as percepções de gestoras(es) escolares brasileiras(os) sobre questões de gênero, formação técnica sobre o tema e os desafios para administrar o tempo, equilibrando momentos de capacitação em serviço com as demandas do dia a dia da escola.

Os dados da pesquisa envolveram 719 diretoras(es), vice-diretoras(es) e coordenadoras(es) pedagógicas(os) da rede de lideranças educacionais formada pelo Centro Lemann de Liderança para Equidade, organização responsável também pela coleta de dados referentes ao Brasil. A pesquisa integra uma base de dados maior, liderada pela Global School Leaders, desde 2020, em todo o mundo.

Dentre as questões sobre gênero, foi perguntado quais profissões seriam mais adequadas às meninas e aos meninos. Os resultados mostraram que, embora não sejam maioria, é grande o contingente de lideranças escolares que ainda enxergam como um trabalho predominantemente feminino o cuidado de crianças, apontado por 28,9% das(os) respondentes, o trabalho doméstico (26,1%) e a docência (20,6%).

Segundo o estudo, além de influenciar as expectativas profissionais das(os) estudantes, as questões relacionadas a gênero estão na base de muitos casos de abandono e evasão escolar. Dentre as principais causas, para as meninas, foram ressaltadas complicações relativas à gravidez na adolescência (23,8%), pressão para casar-se cedo (12,8%), casos de assédio sexual (10,6%) e de mutilação genital (9,6%) – situações que, muitas vezes, também configuram crimes e ilustram a perpetuação de violências de gênero.

Embora noções como essas, que limitam a trajetória das(os) estudantes, possam ser enfrentadas com programas de capacitação focados no tema, apenas 45,6% das(os) respondentes tiveram acesso a esse tipo de treinamento específico sobre gênero.

Com relação à administração do tempo, a pesquisa mostrou que a participação em formações impacta a percepção sobre o grau de dificuldade das tarefas de gestão escolar. Conforme o estudo, 86,8% das(os) respondentes fizeram alguma formação em 2023. Nesse universo, a proporção de pessoas que afirmam ter muita dificuldade com determinada tarefa do cotidiano da escola é sempre inferior àquela observada entre as que não contaram com formação recente.

Confira estes e outros resultados da pesquisa, clicando aqui para acessar o relatório na íntegra.

Centro Lemann e Instituto Itaúsa discutem soluções em diálogo entre clima, educação e equidade

“Se nossas crianças não se reconhecem enquanto seres da terra, seres da natureza, antes de seres humanos, nós não vamos nos reconhecer enquanto parte do problema climático e não vamos conseguir superá-lo”, discursou Thiago Karai Djekupe, liderança da Terra Indígena Jaraguá Pyguae e ativista das questões climáticas.

Thiago fez essa provocação a uma plateia de cerca de 50 lideranças de organizações que contribuem com a educação brasileira, na última sexta-feira, dia 19 de abril. O evento não celebrava exatamente o Dia dos Povos Indígenas, mas era como se fosse. A liderança encerraria sua fala de abertura com outra provocação à civilização não-indígena. “Nossa educação sempre busca pela evolução, nunca é voltada para o ser e sentir”.

Tocada pela fala de seu convidado, Anna Penido, diretora-executiva do Centro Lemann, e uma das anfitriãs do evento, aceitou a provocação e perguntou à plateia: “Nós não precisamos, nos currículos, ter esse tipo de sabedoria? Integrar esses conhecimentos sobre clima e território à educação para poder avançar?”.

As perguntas de Anna, mediadora da conversa, aqueceu a plateia e os demais convidados do “Diálogo Clima, Educação e Equidade”, um esforço do Centro Lemann em parceria com o Instituto Itaúsa para que lideranças educacionais do terceiro setor pudessem refletir sobre crise climática, seus efeitos nas desigualdades e como a escola pode e deve interagir e colaborar para enfrentar esse desafio.

Responsável por abrir a conversa, Neca Setubal, conselheira do Instituto Itaúsa, celebrou e justificou aquele diálogo aberto. “Nós estamos neste auditório porque estamos conscientes de que o clima precisa entrar na escola de forma orgânica e aberta para a comunidade”.

O Instituto Itaúsa atua pelo desenvolvimento sustentável do Brasil e, como especialista do tema, coube ao seu head de sustentabilidade, Marcelo Furtado, traçar um panorama das questões climáticas para os especialistas presentes.

Primeiro, o ambientalista falou de três crises simultâneas – clima, natureza e pessoas – para dizer como isso afeta a educação de maneira direta e implacável. “Em um mundo que deverá completar, neste ano, o aquecimento do planeta em 1,5 graus anunciado no Acordo de Paris (2015), esse não é um problema trivial. Com a crise do clima, falta água, falta comida, e as prioridades simplesmente mudam: as pessoas deixam de mandar as crianças à escola”, alertou.

Furtado apontou para soluções possíveis no horizonte. “Nossa oportunidade está em três transições: uso consciente da água, uma agricultura de baixo carbono e, terceiro, uma mudança nos nossos padrões de emissão”.

A interface com a educação

Na última parte do Diálogo, os três convidados foram provocados a apontar caminhos para que a educação integre esse debate e ajude a encontrar soluções. “O que a gente não pode fazer é tratar as questões trazidas aqui como temáticas de meio ambiente. Essa conversa é sobre sociedade, é pauta econômica e educacional. Nós precisamos sair do nicho e tratar o clima e a educação como temas transversais de toda a agenda”, defendeu Furtado.

Em um discurso emocionante, Thiago relembrou seus ancestrais e defendeu a integração da escola aos territórios indígenas como forma de trazer os estudantes para perto dos povos tradicionais brasileiros. “Tem muita gente que não sabe que em São Paulo, aqui perto da gente, tem uma terra indígena. É necessário que as escolas criem uma rotina de visitas a esses territórios, criar um sistema de diálogo que possa quebrar o racismo e o preconceito desde a escola”, finalizou.

Políticas Educacionais com Equidade

Elaborado pelo Centro Lemann com o apoio da Porticus, “Políticas educacionais com equidade” traz subsídios e recomendações às lideranças educacionais para o desenho e implementação de políticas que promovam a equidade nas redes e escolas.

Isso significa pensar em estratégias e ações que acolham, reconheçam e valorizem características e contextos de cada estudante, especialmente aquelas(es) de grupos minorizados, impactadas(os) pelos marcadores de desigualdade educacional – raça ou cor, gênero, território, nível socioeconômico e deficiência. Iniciativas que envolvam toda a comunidade escolar, estudantes e suas famílias, formuladoras(es) de políticas e gestoras(es), dentre outros.

O documento evidencia os principais obstáculos que impedem o acesso equitativo à educação de qualidade com equidade e as condições necessárias que viabilizam a frequência à escola e o desenvolvimento integral para todas(os).

Também ressalta que a equidade nas políticas educacionais precisa ser contemplada em três níveis: insumos (condições institucionais); processos (estratégias, escolhas metodológicas e abordagens plurais); e resultados (indicadores que mostrem a efetividade da política para cada grupo de beneficiárias/os).

A partir desse olhar amplo e diverso, a publicação elenca cinco passos para a elaboração de políticas educacionais com equidade: 1. Identificação do problema; 2. Formulação da política; 3.Implementação; 4. Avaliação; 5. Tomada de decisão.

No entanto, para que a política seja eficiente, ela precisa contemplar nove elementos da equidade na educação: informação, participação, intencionalidade, intersetorialidade, lei e normativas, financiamento, responsabilização, gestão para a equidade e qualidade do atendimento. Todos detalhados no documento, que também traz materiais e referências para ampliar reflexões e análises sobre o tema.

“Políticas educacionais com equidade” é uma das contribuições do Centro Lemann para fortalecer a capacidade e o entendimento das lideranças educacionais sobre o seu papel na construção de uma educação que inclua e desenvolva cada estudante, para que toda a sociedade brasileira possa prosperar.

Clique em: Politicas Educacionais com Equidade_2024 e confira o documento na íntegra.

Políticas e programas internacionais que promovem a equidade na educação

O estudo, lançado pelo Centro Lemann, Fundação Lemann e Black Education Research Center – BERC oferece subsídios para o desenho de políticas públicas e ações que possam enfrentar a desigualdade educacional provocada pelo racismo.

A pesquisa, produzida por Sonya Douglass e Brett Grant, pesquisadores da Universidade Columbia (EUA), aborda as principais características e implementação de políticas e programas que promovem a equidade racial na educação, sobretudo dos Estados Unidos. Esmiuça o contexto de negras e negros na América Latina e no Brasil, ressaltando o impacto do mito da democracia racial nas escolas brasileiras. 

Os autores acreditam ser fundamental o envolvimento da liderança educacional e a inclusão de comunidades não brancas em todos os processos de tomada de decisão para mitigar os efeitos negativos do racismo estrutural nas redes de ensino e escolas. O estudo também traz orientações, ferramentas, metodologias, estratégias e boas práticas para subsidiar as lideranças nessa missão. 

Faça download do estudo em: Políticas-e-programas-internacionais-que-promovem-a-equidade-na-educacao_2023

Guia para realizar um bom diagnóstico de equidade racial

 

Publicação realizada pela parceria entre Centro Lemann, Fundação Lemann e Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional) oferece um passo a passo para identificar as desigualdades raciais em redes de educação e escolas.

Para ter dados e evidências sobre a situação das escolas da sua rede de educação é essencial realizar um diagnóstico local. O guia, elaborado por Ernesto M. Faria e Lecticia Maggi, do Iede, explica como coletar dados, aplicar questionários, cruzar dados públicos com os locais, comunicar os resultados e transformá-los em indicadores para monitorar os desafios encontrados. Também apresenta práticas bem-sucedidas de redes que implementaram diagnósticos e criaram soluções para enfrentar a desigualdade racial em suas escolas.

O guia foi elaborado com a contribuição de docentes, diretoras(es) escolares, pesquisadoras(es), profissionais do terceiro setor, técnicas(os) e gestoras(es) de secretarias de educação. É uma ferramenta prática para lideranças educacionais darem um passo à frente na construção de uma educação antirracista.

Faça download em: Guia-para-realizar-um-bom-diagnóstico-de-equidade-racial_2023

Programa South-South completa um ano de atuação e celebra avanços na educação do Paquistão e Quênia

Os depoimentos de alguns dos 60 participantes do Programa South-South indicam que o trabalho realizado no sul global alcançou significativos avanços. As altas lideranças do Quênia e do Paquistão têm engajado diferentes organizações para criar coalizões e estruturar programas e iniciativas capazes de gerar uma ampla reforma nos sistemas educacionais de seus países.

Um dos marcos dessa ampla mobilização foi a viagem das lideranças a Sobral, em 2022, com o objetivo de dialogar com gestores locais e conhecer as políticas públicas de educação do município, que embasaram soluções efetivas para problemas comuns também a esses países: o analfabetismo e a distorção idade-série nos primeiros anos do Ensino Fundamental.

A imersão em Sobral fez parte de uma ampla formação para desenvolver conhecimentos, articular redes e criar comunidades de prática entre nações do sul global com o propósito de superar desafios educacionais locais.

O programa apoia as lideranças na expansão de suas capacidades em promover coalizões intersetoriais que impulsionem reformas educacionais sistêmicas. Também fomenta a articulação de uma rede entre nações do sul do planeta para gerar impacto positivo em relação à crise global de aprendizagem. 

A primeira edição do Programa South-South foi realizada pelo Centro Lemann em parceria com estas organizações: Ministério de Relações Exteriores, Commonwealth e Desenvolvimento do Reino Unido (FCDO), Education Development Trust (EDT), Fundação Lemann, Lemann Foundation Programme for the Public Sector – Blavatnik School of Government/Universidade de Oxford, Zizi Afrique e Idara-e-taleem-o-Aagahi (ITA) e PAL Network.