Especialistas debatem seleção de diretoras(es) escolares em lançamento de guia sobre o tema

A importância de selecionar profissionais da gestão escolar com base em competências técnicas norteou a live realizada pelo Centro Lemann, em 15 de junho, para marcar o lançamento do Guia Seleção de Diretoras(es) Escolares. O evento reuniu 175 lideranças e profissionais de diferentes redes de educação do País e a live teve mais de 500 acessos.

Na primeira parte do encontro, mediado por Rodolfo Santos, do Centro Lemann, Filomena Siqueira, gerente pedagógica no Instituto Reúna, e Herbert Lima Vasconcelos, secretário de educação de Sobral (CE), dialogaram sobre a relevância de as redes de educação definirem quais competências técnicas são essenciais para que diretoras(es) exerçam plenamente suas funções. 

Filomena pontuou a importância de se ter clareza sobre o que esperar dessa(e) profissional, o que é importante ela ou ele realizar no dia a dia de seu trabalho, para então definir que competências são essas. “Nos últimos anos, uma vasta literatura internacional tem abordado o assunto. No Brasil, o documento ‘Competências gerais dos diretores escolares’, do Conselho Nacional de Educação (CNE), agrupa as competências nas dimensões político-institucional, pedagógica, administrativo-financeira e pessoal e relacional, o que pode apoiar as redes nessa definição”, ressaltou Filomena.

Em Sobral, o modelo de seleção de diretoras(es) escolares por competência técnica está implementado há bastante tempo. “Tudo começa com uma prova escrita eliminatória sobre as legislações que norteiam a educação do município. Depois passam por um processo de seis meses de formação para que se apropriem de temas importantes relacionados à nossa política educacional. Essas(es) candidatas(os) vão compor um banco de gestoras(es) escolares e serão convocadas(os) conforme as demandas da rede”, explicou o secretário Herbert. 

Para os dois painelistas, o modelo de seleção por competências confere legitimidade e transparência a um processo fundamental, mas envolve alguns desafios, como possíveis tensões políticas entre lideranças. Por isso, “é preciso que haja muito diálogo, convencimento e uma implantação gradual dessa seleção meritocrática para obter êxito”, reforçou Herbert.

Condicionalidades e vantagens da seleção por competência técnica

Na segunda parte do evento, Cleuza Repulho, assessora na secretaria de educação de Pernambuco, Alex Moreira Roberto, gerente de educação no Vetor Brasil, e Rogers Mendes, gestor do Programa de Formação do Centro Lemann, compartilharam suas impressões sobre os benefícios desse processo para a educação pública.

A seleção de diretoras(es) por competência técnica atende uma das condicionalidades do VAAR (Valor Aluno Ano Rendimento), do Fundeb, garantindo mais recursos aos municípios e estados. “Redes que aumentam o Ideb, as matrículas de estudantes pretas(os), quilombolas, indígenas e que fazem processos seletivos de diretoras(es) recebem essa verba. Com isso, pretende-se evitar o uso político dos cargos de gestão educacional nas escolas”, reforçou Cleuza.

Mas antes de se pensar na seleção, é preciso garantir que os processos sejam legais, ou seja, estejam previstos na legislação local. “O Centro Lemann tem apoiado as redes de educação a estruturarem esses processos. O guia que lançamos hoje é uma ferramenta para isso. É importante analisar a lei para saber se esse processo está instituído e, se necessário, ajustar a legislação, para que ele seja legítimo e aconteça. Mas, para além disso, e do objetivo de receber recursos, eu sempre digo que a seleção de diretoras(es) por competência técnica é uma grande oportunidade para a educação brasileira. As pessoas que assumem esse cargo podem dizer, cheias de orgulho, que estão ali por merecimento, o que faz toda a diferença”, ressaltou Rogers.

A diversidade também precisa ser contemplada na seleção, afinal, equipes de gestão escolar plurais trazem representatividade, pensamentos e trajetórias diversas, o que se traduz em qualidade para a educação. “O primeiro ponto para garantir diversidade é mapear quem são os candidatos que estão sendo atraídos para esse processo. Dados do Censo e do Saeb indicam que 80% de diretoras(es) são mulheres, mais da metade tem entre 40 e 50 anos e cerca de 80% possuem Ensino Superior. Como esses dados se revelam nas redes?”, questionou Alex. Para ele, promover diversidade pressupõe estabelecer critérios e marcadores do perfil que a rede quer atrair para desenhar um processo seletivo que chegue a essas pessoas.

A participação da comunidade também é uma oportunidade dentro do modelo de seleção de diretoras(es), desde que esteja expressa nas normas e leis que regem a educação local. Para Rogers, “a participação popular não precisa se limitar apenas à seleção de diretoras(es) e pode se manifestar também de outras formas”.

O que estudos têm indicado, segundo Alex, é que modelos mistos de seleção são favoráveis para a educação. “Combinar critérios técnicos e encerrar o processo seletivo com a escolha da comunidade têm produzido evidências potentes. Mas, no Brasil, o modelo misto ainda é um desafio, tendo a adesão de apenas 14% dos estados e 4% dos municípios”, ressaltou. 

Para Cleuza, a consulta à comunidade não pode tornar a escola palco de disputas políticas. “Assim como acontecem nas cidades, interesses políticos partidários acabam chegando aos bairros e às escolas, o que não contribui para aprendizagem das(os) estudantes, por isso, a consulta pode ser uma das questões levadas em conta num processo seletivo”, reforçou.

Durante o evento, foi lançado o Guia de Seleção de Diretoras(es), uma realização do Centro Lemann com o apoio do Vetor Brasil e Instituto Gesto. A publicação, disponível para download, traz o passo a passo da construção desse processo, com o detalhamento das etapas antes, durante e depois da seleção. O objetivo do guia é ser uma ferramenta para as lideranças educacionais avançarem na promoção de uma educação democrática, diversa, inclusiva, que passa por diretoras(es) escolares mais preparadas(os) para exercer suas funções. Para acessar o guia, clique aqui.

Pesquisa aplicada pode apoiar lideranças a enfrentarem desafios relacionados ao marcador de desigualdade educacional cor ou raça

Nesta série de conteúdos, trazemos reflexões sobre os desafios que impedem a oferta da educação de qualidade e equidade para todas e todos, com foco nos marcadores de desigualdade educacional, utilizados pelo Centro Lemann para direcionar seu trabalho junto às lideranças das redes de educação e escolas.

Para contextualizar o marcador cor ou raça é preciso rever nossa história, quando a colonização gerou hierarquias que tornaram subalternos alguns grupos sociais e asseguraram privilégios a outros, especialmente no que diz respeito à educação. Nesse contexto, o racismo estrutural começou a se enraizar na sociedade, marginalizando pessoas negras e indígenas.

Para enfrentar essa realidade é necessário pensar em políticas públicas redistributivas, ou seja, que distribuam, proporcionalmente, recursos de acordo com as necessidades de cada indivíduo, e políticas de reconhecimento, que valorizem as identidades dos grupos historicamente excluídos.

No entanto, para traçar essas políticas, é essencial mapear cenários, coletando dados e evidências que levem a soluções eficazes de inclusão e equidade na comunidade escolar.

Mas essa tarefa não é simples. O primeiro obstáculo, que tem impedido um mapeamento mais efetivo, são os altos índices de não declaração de raça nos registros administrativos e questionários socioeconômicos das avaliações. Sem acesso a esse tipo de informação, torna-se difícil medir as diferenças de oportunidades educacionais disponibilizadas para grupos de raças distintas, a não ser em projeções estatísticas com limitações. A explicação para a ausência de dados nessa área requer estudos que permitam a formulação de um diagnóstico mais apurado sobre suas possíveis causas, como a falta de priorização do registro administrativo, empecilhos para a autoidentificação e problemas na formulação e compreensão de perguntas, dentre outras. 

O segundo obstáculo, ressaltado por Sonya Douglass, professora de liderança educacional, na Universidade de Columbia (EUA), está relacionado às metodologias de pesquisa. Para ela, as que partem do ponto de vista de pessoas negras(os) e indígenas, com foco em abordagens culturalmente sensíveis, são as que, juntamente com outros estudos, podem apoiar as lideranças educacionais no desenho de políticas públicas promotoras de equidade. 

Em breve, lançaremos a tradução do trabalho de Sonya, que trata do tema, mas é possível saber mais sobre o que a especialista diz a respeito, clicando aqui para acessar, na íntegra, a palestra que ela proferiu no II Colóquio Centro Lemann – Pesquisa e Equidade em Educação.

O marcador de localidade e a desigualdade educacional

Localidade é um dos cinco marcadores de desigualdade educacional que utilizamos para orientar nosso trabalho junto às redes de educação do País. 

Os diagnósticos educacionais são claros ao apontar a desigualdade entre a realidade escolar de estudantes das zonas urbanas e rurais. O acesso à infraestrutura básica, como banheiros, mobilidade para pessoas com deficiência, abastecimento de energia elétrica e água por redes públicas, e a existência de equipamentos adequados para o desenvolvimento educacional, como bibliotecas, laboratórios de informática e de ciências e internet, são mais comuns nas escolas urbanas, especialmente as que estão localizadas em regiões centrais e abastadas. 

A disparidade também é marcada pelas condições docentes, como quadro completo, estabilidade dos contratos de trabalho e formação continuada, e pelo acesso a outros insumos para a garantia do direito à educação, como transporte e merenda, comumente deficitários nas zonas rurais. Muitas das unidades de ensino dessas regiões ainda trabalham com turmas multisseriadas, o que representa um desafio adicional para gestoras(es) e professoras(es).

Na pandemia da Covid-19, quando o ensino remoto foi a estratégia adotada para promover a continuidade das aulas e atividades, a desigualdade entre estudantes de escolas urbanas e rurais tornou-se ainda mais evidente no que diz respeito ao acesso às tecnologias digitais, um problema que persiste.

Mesmo no contexto mais favorável das áreas urbanas, também é preciso considerar as desigualdades existentes entre centro e periferia, caracterizadas por diferenças que se aproximam da realidade das escolas rurais. No caso das comunidades periféricas, as migrações pendulares, que exigem longos deslocamentos diários da população para buscar serviços públicos e fontes de renda, e os altos níveis de violência são condições que impactam negativamente a rotina escolar de estudantes, colocando em risco, inclusive, a continuidade dos estudos. Outro fenômeno preocupante é a relação entre a localidade dessas escolas periféricas e os territórios onde moram as(os) alunas(os) de famílias de menor renda e em situação de maior vulnerabilidade, fatores que, associados, ampliam as desigualdades e diminuem as chances dessas(es) estudantes prosperarem. 

Para governos e lideranças educacionais enfrentarem as desigualdades em relação à qualidade da oferta educacional entre e dentro das redes de educação, de acordo com o território, é preciso rever a lógica de alocação do investimento público, com o objetivo de alcançar uma distribuição equitativa de recursos. Este é um primeiro e importante passo para mitigar as desigualdades que afetam o acesso, a permanência e o desenvolvimento integral de estudantes das zonas rurais e periféricas.

O marcador de gênero e a desigualdade educacional

O gênero é um dos marcadores de desigualdade educacional, utilizados pelo Centro Lemann para apoiar lideranças educacionais no desenho de soluções que possam promover educação de qualidade com equidade nas redes e escolas. 

Apesar de vivermos em uma sociedade tecnológica, globalizada, com amplo acesso à informação, ainda é comum famílias que educam as meninas para se casar, ter filhos e cuidar das atividades domésticas, enquanto os meninos são livres para estudar e se tornar os provedores da casa. Estes papéis tradicionais acabam refletindo na trajetória escolar.

Os adolescentes são os alunos que mais faltam e evadem da escola, especialmente os que vivem em situação de vulnerabilidade social. A falta de recursos é um dos principais fatores para o abandono, porque a busca pela complementação de renda familiar é vista como prioridade.

As adolescentes e as jovens são maioria nas matrículas no Ensino Médio e Superior, mas elas são minoria em cursos STEAM (Ciências, Tecnologias, Engenharias e Matemática). 

Existe um grupo de crianças e jovens que é ainda mais penalizado por essa desigualdade educacional e cuja identidade de gênero não está alinhada ao gênero que lhes foi atribuído em seus nascimentos. São estudantes que sofrem diferentes violências, muitas vezes reforçadas no ambiente escolar, e que não recebem atenção e condução adequadas por parte dos profissionais responsáveis pelo espaço educativo.

As lideranças educacionais têm papel fundamental para mudar esse cenário. Por isso, sugerimos que secretárias(os) de educação, assim como gestoras(es) de escola, façam uma avaliação do ambiente e das práticas pedagógicas em suas redes e comunidade escolar. Analisem os resultados de aprendizagem para detectar quais são os gargalos da desigualdade educacional causada pelo marcador de gênero e que soluções darão conta de enfrentá-los. Também é essencial que as equipes sejam formadas em serviço para lidar, de forma justa e respeitosa, com situações sensíveis, que acabam por excluir grupos específicos, como o de estudantes não binários, de oportunidades educacionais e sociais no ambiente escolar. É desta forma que poderemos oferecer uma educação de qualidade com equidade para todas, todos e todes. 

 

Compromisso político e perseverança de lideranças educacionais são alavancas para a qualidade e equidade na educação básica

A história das(os) 30 representantes da rede de educação de Benjamin Constant (AM) diz muito sobre o que significa abraçar a missão de oferecer Educação Básica de qualidade com equidade para todas(os) estudantes do município. Além da vontade de fazer parte de uma revolução educacional, a diversidade é uma característica bastante presente na equipe, com representantes dos povos indígenas das etnias Tikuna e Kokama. O compromisso político é outra característica da delegação, liderada pelo prefeito Davi Nunes Bemerguy e a secretária de educação Antônia Rodrigues da Silva.

A rede de Benjamin Constant participou da segunda rodada de formação do Programa de Formação de Lideranças Educacionais, nos dias 23 e 24 de maio, no polo de Sobral, com os municípios de Itarema e Petrópolis, totalizando 203 lideranças. Essa rodada também reuniu secretárias(os) de educação, equipes técnicas e gestoras(es) escolares dos polos de Aracaju (Alagoinhas e São Cristóvão, com 148 lideranças) e Teresina (Peritoró e Timon, com 131 lideranças). A formação continua em Rondônia, que receberá as lideranças educacionais de Alto Paraíso e Monte Negro, dias 30 e 31 de maio. Todas com muitas histórias para contar e unidas pelo mesmo propósito: enfrentar as desigualdades educacionais para promover uma educação de qualidade, diversa e inclusiva, para todas e todos

Essa disposição fortalece nossa missão comum, certos de que juntas(os) chegaremos mais longe. 

Teve início a primeira rodada de formação da 2ª turma do Programa de Formação de Lideranças Educacionais

Nesta semana (dias 17 e 18), demos início à primeira rodada de formação da segunda edição do Programa de Formação de Lideranças Educacionais, nos polos Belém (redes de educação de Muaná, Santa Bárbara do Pará e Soure, no Pará, com 98 lideranças), João Pessoa (Angicos/RN, Macau/RN, Monteiro/PB e Olinda/PE, com 151 lideranças), São Paulo (Mogi Mirim/SP, Petrópolis/RJ e São Gabriel do Oeste/MS, com 160 lideranças) e Sobral (Carnaubal/CE, Igarassu/PE, Itapipoca/CE, Milagres/BA e Timon/MA, com 211 lideranças). 

“Estou encantada com a metodologia, com a participação, com todo o direcionamento. É uma mentoria pessoal. Cada vez mais, neste dia, eu estou me dando conta de que eu não sou a mesma. A metodologia aplicada pelo Centro Lemann vai trabalhar a sua realidade como liderança. Não é só a parte de conteúdo mas, sobretudo, uma formação pessoal. Eu me sinto potencializada, animada, revitalizada e agradecida por essa oportunidade, que é ímpar”, ressaltou Valésssia, técnica da Secretaria de Educação do município de Timon (MA).

Nos dias 23 e 24, será a vez das(os) secretárias(os) de educação, equipes técnicas e gestoras(es) escolares dos polos de Aracaju (Alagoinhas/BA e São Cristóvão/SE, com 148 lideranças), Sobral (Benjamin Constant/AM, Itarema/CE e Petrópolis/RJ, com 203 lideranças) e Teresina (Peritoró e Timon, no Maranhão, com 131 lideranças). O mês termina com a formação de lideranças das redes de educação de Rondônia (Alto Paraíso e Monte Negro, com 22 lideranças), dias 30 e 31.

Durante os dois dias de formação, os grupos irão se aprofundar em temas como projeto de vida, perspectiva integral sobre as desigualdades e os preconceitos, o conceito de equidade, além de momentos práticos para a cocriação de soluções que possam enfrentar as iniquidades educacionais nas redes e escolas.

A segunda edição do Programa de Formação de Lideranças Educacionais teve a adesão de 22 municípios, totalizando 1.138 lideranças. Com as duas edições do programa, são 3.025 lideranças de 66 municípios engajadas conosco, dedicadas a trabalhar para garantir educação de qualidade com equidade a mais de 800 mil alunas e alunos, o que reforça a nossa esperança em tempos promissores para todas(os) as(os) estudantes brasileiras(os).

Confira algumas fotos do primeiro ciclo de encontros presenciais do Programa de Formação de Lideranças Educacionais do Centro Lemann:

Programa South-South encerra sua primeira edição com lançamento de biblioteca virtual pública

Em evento, no Reino Unido, lideranças dos países parceiros compartilharam os principais resultados da primeira edição do programa. Amplo acervo foi disponibilizado ao público, reunindo documentos sobre parcerias público-privadas no Paquistão e programas de letramento e numeramento no Quênia.

Ainda era madrugada do dia 11 de maio no Brasil, quando lideranças do Centro Lemann (Brasil), da Idara-e-Taleem-o-Aagahi – ITA (Paquistão) e da Zizi Afrique (Quênia) falaram em um painel na Universidade de Oxford, no Reino Unido, para compartilhar os primeiros resultados do Programa South-South. Na ocasião, Anna Penido, do Centro Lemann, destacou os diferenciais da iniciativa, que provocou mudanças de crenças e práticas em lideranças educacionais do sul global, confirmadas pelos depoimentos de Baela Jamil e John Mugo, dirigentes das instituições parceiras em cada um dos dois países participantes.

O evento foi organizado pelo Lemann Foundation Programme, centro de pesquisa baseado na Blavatnik Escola de Governo da Universidade de Oxford, também responsável pela produção de uma biblioteca virtual de materiais de referência lançada no encontro.

“A ideia é que diferentes materiais sejam usados juntos, para iniciar conversas profundas entre diferentes perfis de atores que trabalham ou são inspirados a trabalhar na área. Não temos a intenção de recomendar soluções políticas únicas para problemas específicos, mas, acima de tudo, estimular a reflexão entre as partes interessadas sobre como adaptar adequadamente e implementar políticas com sensibilidade e de que forma atuar juntos, de maneira eficaz”, disse Anna Petherick, diretora do Programa da Fundação Lemann na Universidade de Oxford. 

O repositório, voltado a inspirar e orientar lideranças a promover coalizões e reformas educacionais em países do sul global, inclui estudos de caso sobre ações bem-sucedidas no Brasil, como a criação da Base Nacional Comum Curricular e a experiência de Sobral (CE). Contempla ainda documentos sobre parcerias público-privadas no Paquistão e programas de letramento e numeramento no Quênia. Todos os materiais são acompanhados por podcasts e sugestões sobre como utilizá-los.

“Estamos em celebração neste dia que marca a conclusão da primeira edição do South-South porque nossas avaliações de impacto mostram que os fellows do programa estão mais conectados e motivados para liderar reformas educacionais e, acima de tudo, porque eles já estão implementando reformas educacionais que têm alto potencial de gerar mais alfabetização e numeracia para as crianças de seus países”, ressaltou Carla Vila, Consultora-Líder do Programa South-South.

O Programa South-South é resultado de parceria entre o Centro Lemann, a Fundação Lemann, o Lemann Foundation Programme na Blavatnik Escola de Governo da Universidade de Oxford, o Governo Britânico (FCDO/UK), através do Education Development Trust (EDT), além de Zizi Afrique e ITA.

Clique aqui e acesse a biblioteca virtual.

Confira fotos do evento:

Os marcadores da desigualdade educacional e seus impactos nos resultados escolares 

Durante as próximas semanas, vamos nos dedicar a compartilhar conteúdos sobre cada marcador da desigualdade educacional e os seus efeitos nos resultados escolares, tema essencial no processo de construção da Educação Básica com qualidade e equidade. 

Entendemos que cada pessoa tem a sua trajetória influenciada por um conjunto de fatores, como a origem, o contexto em que se desenvolveu desde a infância e as oportunidades educacionais que vivencia. No entanto, os desníveis no acesso à educação de qualidade acabam por reforçar as demais formas de desigualdade.

Outra questão é que esses marcadores não aparecem no cotidiano escolar de maneira isolada. Em muitas situações, há uma sobreposição, as chamadas interseccionalidades, que acentuam os efeitos negativos nas(os) estudantes.

Com o compartilhamento desses conteúdos, nossa intenção não é dar conta de todas as perspectivas sobre o tema, mas estimular o debate e convidar as lideranças educacionais a considerarem esses recortes ao analisar suas realidades, os dados e as evidências de pesquisas e avaliações a fim de pensar em soluções que, de fato, atendam as demandas das redes e escolas para promover a educação diversa e inclusiva, que não deixe ninguém para trás.

 

Programa South-South é destaque da coluna de Mônica Bergamo na Folha de São Paulo

No último domingo, Mônica Bergamo ressaltou, em sua coluna na Folha de S.Paulo, a importância do Programa South-South (Building a South-South Coalition on Foundational Learning Through Education Exchange and Evidence Synthesis), iniciativa que apoia líderes do sul global para que possam realizar reformas educacionais em seus países. 

As lideranças desses países chegam ao Brasil e falam que conhecer a experiência de Sobral é mais efetivo do que ir para a Finlândia, já que na cidade brasileira eles partem do mesmo tipo de realidade“, ressaltou à coluna Anna Penido, nossa diretora-executiva, na matéria que você confere clicando aqui .

Formação, trocas de conhecimentos e práticas direto da fonte

O Programa South-South nasceu em 2022 com o objetivo de criar oportunidades para que lideranças do sul global compartilhem conhecimentos, práticas e evidências, buscando fortalecer a capacidade de impulsionar coalizões voltadas a promover reformas educacionais com foco em melhorar índices de alfabetização e numeracia.     

Desde seu lançamento, o programa conectou e formou 51 líderes educacionais seniores do Quênia e do Paquistão, que representam 31 organizações. Em setembro de 2022, 28 dessas lideranças conheceram iniciativas brasileiras, sendo que uma das experiências mais marcantes foi a viagem de imersão a Sobral (CE). No vídeo com os melhores momentos dessa vivência estão as trocas e as inspirações que cada um(a) levou na bagagem, de volta para seus países. Clique aqui para conferir.

Na ocasião, as lideranças participaram de debates e oficinas sobre liderança, construção de coalizões intersetoriais, reformas educacionais, além de visitar cinco escolas e explorar a fundo o sistema educacional do município cearense.

Bons resultados para avançar na educação

Oito meses depois do início da formação oferecida aos líderes quenianos e paquistaneses, os resultados já aparecem. De acordo com a avaliação qualitativa de impacto do programa, conduzida pela Universidade de Oxford, os participantes se sentem mais preparados e motivados para liderar reformas educacionais efetivas, além de terem fortalecido suas redes de colaboração.

Os quenianos lançaram um projeto para tornar o município de Kirinyaga uma referência nacional e internacional em Ensino Fundamental, mobilizando líderes políticos regionais e as principais partes interessadas. Segundo os criadores da iniciativa, a cidade será “o Sobral do Quênia”. O projeto vai virar documentário, mas, enquanto não fica pronto, você pode conferir um trecho dessa produção, clicando aqui.

No Paquistão, as lideranças desenvolveram o projeto All Children Learning para garantir que todas as crianças paquistanesas sejam alfabetizadas até a 3ª série escolar. O piloto será implementado em cinco comunidades de quatro províncias, mas, no longo prazo, pretende chegar a 10 mil comunidades.

O Programa South-South é resultado da parceria entre o Governo Britânico (FCDO/UK), o Education Development Trust (EDT), a Fundação Lemann, o Centro Lemann e o Programa da Fundação Lemann na Blavatnik Escola de Governo da Universidade de Oxford, com apoio da Zizi Afrique (Quênia) e Idara-e-Taleem-o-Aagahi (ITA) (Paquistão). 

Programa South-South: os melhores momentos da viagem de imersão ao Brasil

A viagem de imersão do Programa South-South foi realizada em setembro de 2022 e  reuniu no Brasil 28 lideranças educacionais sêniores do Paquistão e do Quênia. Juntas, elas puderam trocar experiências e conhecer iniciativas brasileiras inspiradoras no campo da Educação Básica.

“Esse programa é quase mágico para nós, porque está reunindo pessoas do Paquistão, Quênia e Brasil, de três continentes diferentes. E nós acreditamos em pessoas se unindo para tentar encontrar o núcleo comum que vai alavancar o aprendizado para as crianças de todos esses países”, declarou Baela Jamil, CEO da Idara-e-Taleem-o-Aagahi (ITA), do Paquistão.

Este e outros depoimentos estão documentados no vídeo que acabamos de lançar, contendo, também, o registro das principais atividades realizadas pela comitiva de lideranças, que esteve em São Paulo e em Sobral. 

A viagem de imersão é um dos pilares do Programa South-South, cujo objetivo é criar oportunidades para que lideranças do sul global compartilhem conhecimentos, práticas e evidências, buscando fortalecer a sua capacidade de impulsionar coalizões voltadas a promover reformas que melhorem os níveis de alfabetização em seus territórios.

O programa é resultado da parceria entre o Governo Britânico (FCDO/UK), o Education Development Trust (EDT), a Fundação Lemann, o Centro Lemann e o Programa da Fundação Lemann na Blavatnik Escola de Governo da Universidade de Oxford, tendo o apoio das organizações Zizi Afrique (Quênia) e Idara-e-Taleem-o-Aagahi (ITA) (Paquistão). 

Assista ao vídeo para saber mais: