Desafios da tecnologia na educação brasileira é tema da “Pesquisa com lideranças escolares 2024”, do Global School Leaders

Foram colhidas as percepções de mais de 200 gestoras(es) escolares brasileiras(os) para compor o relatório internacional da pesquisa realizada em parceria com Centro Lemann e MegaEdu.

Quando o assunto é tecnologia na educação, a desigualdade permeia a realidade da escola pública. De um lado, sabemos que o uso de ferramentas tecnológicas, aplicadas de maneira criativa e ajustada a cada contexto, pode alcançar bons avanços de aprendizagem, mesmo em cenários com poucos recursos. Por outro lado, são evidentes as diferenças de acesso às ferramentas tecnológicas, especialmente em escolas do Sul Global.

Esse é o tema da Pesquisa com lideranças escolares 2024 – perspectivas sobre tecnologia na educação, lançada pela Global School Leaders (GSL), em parceria com Centro Lemann e MegaEdu, responsáveis pela captação de dados do Brasil. O estudo apresenta uma amostragem não generalista, que permite um olhar crítico sobre a percepção de tendências úteis para análise e tomada de decisões de lideranças políticas e educacionais.

Para entender melhor esse cenário, 5.867 lideranças escolares de 18 países da África, Ásia e América Latina responderam ao questionário, compartilhando suas experiências no cotidiano escolar.

No Brasil, a pesquisa recebeu respostas de 213 lideranças, com dados importantes para nossa reflexão, por exemplo: 93% das(os) respondentes acreditam que a tecnologia facilita a explicação de conceitos; 87% acham que ela torna a aprendizagem mais acessível a todas(os); e 74% dizem que as turmas se mostram mais interessadas nos conteúdos quando a tecnologia é adotada em sala de aula.

No entanto, evidências de outro estudo indicam que 38% das escolas brasileiras não possuem computador para uso das(os) alunas(os) em atividades educacionais (CGI.br/NIC.br. TIC Educação 2023).

O acesso a esses recursos e ao letramento digital é outro desafio: apenas 14% das(os) respondentes brasileiras(os) consideram muito fácil o uso das tecnologias; somente 35% receberam alguma formação na área ao longo do último ano, com ênfase na sala de aula e não na gestão escolar.

Recomendações para ampliar o uso das tecnologias na educação

Com base nas respostas das lideranças educacionais, a “Pesquisa com lideranças escolares 2024” enumerou algumas recomendações com o objetivo de democratizar o uso das ferramentas tecnológicas nas escolas públicas para avançar na aprendizagem de todas(os) as(os) estudantes:

  • Construir parcerias para melhorar a infraestrutura da tecnologia nas escolas.
  • Desenhar soluções tecnológicas que atendam às necessidades específicas de lideranças escolares, incluindo apoio à gestão escolar.
  • Desmistificar a tecnologia em programas de formação, mostrando seu potencial para a melhoria do ensino.
  • Orientar as lideranças escolares sobre como navegar entre as opções de ferramentas de tecnologia para a educação, garantindo que suas escolas tenham os recursos certos para o ensino e a gestão administrativa.

Estas e outras informações estão contidas nos resultados da pesquisa Brasil, que você acessa aqui. Também conheça a pesquisa completa, com respondentes de todo o Sul Global, clicando aqui.

Programa Lideranças pela Educação – RS dá início à jornada de formação de prefeitas(os) e secretárias(os) gaúchas(os)

“Lideranças que transformam e se transformam com a educação” foi o mote do lançamento do programa Lideranças pela Educação – Rio Grande do Sul, nos dias 13 e 14 de maio. 

O encontro deu início a uma jornada formativa de lideranças políticas e educacionais pelo avanço da educação em 10 municípios gaúchos que sofreram forte impacto com as enchentes de abril de 2024.

Na cidade de Guaíba, reunimos 36 pessoas, entre prefeitas(os) e secretárias(os) de educação, e representantes de institutos e fundações interessadas(os) em conhecer melhor a realidade da educação gaúcha e os propósitos do programa.

No primeiro dia do encontro, as(os) lideranças realizaram uma caminhada pedagógica pela Escola Municipal Santa Rita de Cássia, com roda de conversa envolvendo estudantes e docentes. Mais tarde, refletiram sobre os legados que podem construir na educação durante suas gestões.

No segundo dia, o encontro contou painel mediado por nossa diretora-executiva Anna Penido, que trouxe reflexões sobre três temas centrais para a educação pública: aprendizagem com equidade e recomposição das aprendizagens, com Maria Tereza Paschoal, ex-secretária municipal de educação de Londrina (PR); resiliência emocional, com Carolina Campos, diretora-executiva do Vozes da Educação; e resiliência climática e ambiental, com Isabela Julio, representante da Secretaria Estadual de Educação do Rio Grande do Sul. 

As(os) participantes também analisaram os dados educacionais de seus municípios e pensaram em soluções para enfrentar diferentes desafios, além de assumir, pessoal e publicamente, o papel de embaixadoras(es) da educação, priorizando o tema em seus mandatos.

O encontro presencial faz parte de uma gama de ações que apoiarão lideranças políticas e educacionais a fim de que possam empreender as transformações necessárias, garantindo educação de qualidade com equidade a cada estudante de seus municípios.  Integram esta iniciativa as cidades: Cachoeirinha, Canoas, Caxias do Sul, Eldorado do Sul, Encantado, Gravataí, Guaíba, Passo Fundo, São Jerônimo e Sapucaí do Sul.

O programa Lideranças pela Educação – Rio Grande do Sul é uma realização do Centro Lemann, em parceria com B3 Social, Instituto Ultra e apoio de Sicred, ONG União/BR e ATITUS Educação. Além disso, a iniciativa conta com parceria da Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul.

Série Lições de Sobral apoia lideranças políticas e educacionais nas transformações de suas redes de educação

“Lições de Sobral: descubra como as políticas públicas revolucionaram a educação local” é a série de quatro vídeos realizada pelo Centro Lemann e parceiros do Programa South-South, integrando a estratégia de transformação dos sistemas de educação do Brasil e de países e regiões do Sul Global.

A série sistematiza as políticas públicas que embasaram os altos resultados da rede de educação do município cearense para garantir a alfabetização de todas as crianças na idade certa.

O primeiro episódio, “Liderança escolar para o fortalecimento da gestão pedagógica”,  conta como o município seleciona, apoia e desenvolve gestoras(es) escolares para que sejam lideranças ativas na garantia do aprendizado de todas(os) estudantes.

“Acesso e permanência” é o tema do segundo capítulo, que explora estratégias de monitoramento da frequência, engajamento das famílias e das(os) estudantes, atividades extracurriculares e proteção social.

No terceiro vídeo, “Avaliação, gestão de metas e resultados”, lideranças locais explicam como os resultados das avaliações direcionam o trabalho da gestão escolar, das(os) docentes e a participação das famílias e das(os) estudantes para a melhoria da aprendizagem.

O episódio 4, “Materiais didáticos e formação docente”, traz depoimentos de lideranças, professora e gestora sobralenses. A narrativa explica o processo que define os materiais didáticos e complementares usados pelas(os) docentes e pelas(os) estudantes e como a formação continuada acontece, dando subsídios para que professoras(es) possam exercer sua missão com segurança, orientação e liberdade. 

Confira a série completa, clicando aqui.

Centro Lemann lança relatório Brasil em documento da Unesco sobre a educação latinoamericana

Lideranças educacionais protagonistas de práticas em que se compartilham responsabilidades e atribuições, promovendo um ambiente colaborativo que engaja toda comunidade escolar, são conhecidas como lideranças distribuídas.

Esse e outros conceitos compõem o Relatório de Monitoramento Global da Educação 2025: Liderança Distribuída na América Latina, lançado pela Unesco e pela Organização de Estados Ibero-Americanos (OEI), em Bogotá (Colômbia).

O Centro Lemann desenvolveu a pesquisa no Brasil, em parceria com Filomena Siqueira (coordenadora), Gabriel Santana Machado e Karoline Oliveira. As(os) pesquisadoras(es) analisaram casos de diretoras(es) da rede municipal de Joinville(SC) e das redes estaduais do Piauí e Mato Grosso do Sul.

A publicação se aprofunda na discussão teórica e produz dados empíricos para compreender como a liderança distribuída se manifesta no Brasil e em que medida se relaciona com conceitos relevantes, como a gestão democrática.

O documento é resultado de um questionário respondido por 233 lideranças escolares, dos três estudos de caso, do levantamento da literatura e dos marcos legais vigentes no Brasil. Ele integra a edição regional que tem como objetivo reforçar a importância do empoderamento e da democracia exercidos pelas lideranças escolares da região, partindo de diferentes fontes de dados dos ministérios da educação de seis países (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica e Honduras).

Acesse aqui os relatórios:

Brasil https://drive.google.com/file/d/1TscNJ6Poxvgxy1ZjApC04HsZg-d0sPe_/view?usp=sharing 

América Latina

https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000393491

Diretoras(es) ganham reforço para seu trabalho de gestão escolar

Está disponível a todas(os) as(os) gestoras(es) de escolas a plataforma Gestão Educacional na Prática”, um site interativo e colaborativo, construído pelo Centro Lemann com o apoio de lideranças escolares – a maioria egressa da nossa Formação de Lideranças Educacionais.

As 20 práticas que compõem o site foram desenhadas e implementadas em diferentes escolas brasileiras com base nos aprendizados dessa jornada, para traçar soluções aos desafios da aprendizagem.

A plataforma tem como objetivo criar conexões que possibilitem trocas de experiências para enfrentar as “dores” do dia a dia no chão da escola. Também está aberta a novas práticas para ampliar o escopo de iniciativas bem-sucedidas de diretoras(es).

As(os) gestoras(es) terão acesso a uma linguagem objetiva, tabelas e infográficos explicativos, divididos em três temas: acesso; aprendizagem e desenvolvimento integral; e permanência e clima escolar. Outra forma de navegar é por meio dos desafios da gestão, como: alfabetização na idade certa, formação continuada de docentes, infrequência escolar, recomposição da aprendizagem, entre outros.

Conheça a plataforma, inspire-se, compartilhe com suas(seus) colegas e contribua com novas soluções para que cada estudante possa acessar educação de qualidade com equidade e ter sucesso em sua trajetória escolar.

Centro Lemann e Secretaria da Educação de Sobral lançam 3º episódio da série Lições de Sobral

“Avaliação, gestão de metas e resultados” é o tema do terceiro episódio da webserie sobre como o município cearense empreendeu uma revolução educacional que é referência dentro e fora do País.

No terceiro episódio da série “Lições de Sobral: descubra como as políticas públicas revolucionaram a educação local”, Herbet Lima, secretário de educação do município, compartilha os tipos de avaliação utilizados pela rede e ressalta a importância dos resultados, que direcionam o trabalho da secretaria de educação e das escolas.

“Por meio da avaliação é que vou retroalimentar a formação continuada dos professores. Então se eu consigo identificar que existe uma habilidade que não está sendo desenvolvida pelos meus alunos, eu preciso reforçar a capacitação e a qualificação do professor”, explica.

Outra participante do vídeo, a diretora Fabiana Torquato Braga, explica como os próprios resultados auxiliam na elaboração de metas. “A gente conversa com os professores e projeta metas que devem ser analisadas e refletidas para que sejam alcançáveis”, conta.

As metas e as estratégias para melhorar a aprendizagem na escola são compartilhadas com as famílias e as(os) estudantes, que sabem onde estão e aonde precisam chegar. “A partir do resultado anterior que o aluno teve na avaliação, a gente chama cada um, reflete e analisa a próxima meta que ele tem que atingir. Então ele está na escola todo dia com o objetivo de conquistar aquela meta”, explica a diretora.

Realizados pelo nosso Programa South-South, e em parceria com a Secretaria de Educação de Sobral (CE), os vídeos fazem parte da estratégia do Centro Lemann de apoio à transformação dos sistemas de educação de países e regiões do Sul Global.

Clique aqui e assista aos episódios.

Pesquisas do Programa de Fomento à Pesquisa Aplicada têm seus resultados divulgados

Os trabalhos dos seis grupos contemplados serão disseminados ao longo do segundo semestre

Em 2022, o Centro Lemann lançou uma Chamada Aberta para selecionar e apoiar pesquisas que contribuíssem para assegurar a equidade na Educação Básica, contemplando os seguintes temas: ambientes educacionais, governança e normativas, monitoramento e avaliação e pedagogias.

Das 62 inscrições recebidas, foram escolhidos seis projetos – cinco pela chamada e um convidado – de três regiões do País, sendo metade deles do Nordeste. Com essa iniciativa, o Centro Lemann buscou:

  1. Inserir a equidade nas agendas de pesquisa sobre educação no Brasil.
  2. Produzir evidências e soluções que subsidiem a tomada de decisão e a prática cotidiana das lideranças nas escolas e redes de educação.
  3. Produzir pesquisas por meio de trabalho interdisciplinar e colaboração acadêmica entre pesquisadoras(es) do País, equipes de pesquisa e unidades escolares e redes.

O processo contou com o acompanhamento técnico de Tatiane Cosentino, doutora em Educação, professora de Didáticas e Educação das Relações Étnico-Raciais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e membra do Comitê de Especialistas do Centro Lemann; e Leandro Marino, doutor em Estatística e gerente educacional da Fundação Bradesco.

Conheça os seis projetos:

 

Os trabalhos foram apresentados durante o evento “Diálogos pela Equidade na Educação: contribuições da pesquisa aplicada”, agenda promovida em agosto de 2024 numa parceria entre Centro Lemann, Fundação Lemann e Núcleo de Estudos Raciais do Insper – Neri.

Ao longo do segundo semestre de 2024 compartilharemos um resumo de cada pesquisa com metodologia utilizada na coleta de dados, evidências e resultados obtidos, além de recomendações para apoiar o trabalho em redes e/ou escolas, a fim de garantir que todas(os) tenham acesso a uma educação de qualidade com equidade, sem exceção.

Os resumos de cada pesquisa serão disponibilizados abaixo, conforme forem ficando prontos.

  • Gestão das redes de ensino e clima escolar, desenvolvido pela equipe do Nupede/UFMG  – Acesse aqui!
  • Tipologias das desigualdades educacionais no Rio Grande do Norte, da equipe do Núcleo de Inovação na Gestão Pública e Estado e Políticas Públicas/UFRN – Acesse aqui!
  • Saúde mental e trabalho docente, das(os) pesquisadoras(es) Universidade Federal do Ceará (Campos Sobral/UFC)  – Acesse aqui!
  • Conversas numéricas e equidade, das(os) pesquisadoras(es) da Universidade Federal do Sul da Bahia (Instituto Canoa), Universidade Estadual do Ceará e Universidade Federal do Amazonas Acesse aqui!
  • Ensino Médio de indígenas e quilombolas do Paraná, conduzido por pesquisadoras(es) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR) – Acesse aqui!
  • Aprendizados do processo de construção do sistema de monitoramento da Educação Infantil de Sobral (CE), liderado pelo Lepes/USP – Acesse aqui!

 

 

 

 

“Diálogos pela Equidade na Educação: contribuições da pesquisa aplicada” reúne cerca de 300 pessoas em São Paulo

“Todos nós temos o sonho de ver a educação do Brasil em outro patamar, com qualidade e equidade para todas(os)”. Foi com esta frase que Eduardo Marino, gestor de Conhecimento Aplicado do Centro Lemann, abriu o evento “Diálogos pela Equidade na Educação: contribuições da pesquisa aplicada”, na sede do Insper, em São Paulo, no dia 22 de agosto.

A iniciativa, realizada pela Fundação Lemann, em parceria com o Centro Lemann e Neri – Núcleo de Estudos Raciais do Insper, reuniu cerca de 300 pessoas, que lotaram o anfiteatro e duas salas da universidade no bairro do Itaim Bibi, para debater como potencializar a inserção da equidade na agenda da pesquisa aplicada, com foco na Educação Básica.

“Tivemos a divulgação dos dados do Ideb, que mostram as médias para saber onde a aprendizagem evoluiu ou não. Essas médias respondem a alguns tipos de perguntas, mas a outras não, como a da garantia da equidade. Temos essa dificuldade de colocar a equidade no centro. Olhar só para o Ideb não nos dá a visão de como estão as desigualdades”, ressaltou Daniel De Bonis, diretor de conhecimento, dados e pesquisa da Fundação Lemann, em sua fala de abertura.

Para Anna Penido, diretora-executiva do Centro Lemann, a pesquisa aplicada tem papel essencial para a coleta de dados e evidências que desenhem o cenário das desigualdades. “Quando a gente mostra dados com recortes de desigualdades, as(os) prefeitas(os) se assustam, porque nunca foram apresentadas(os) a esse tipo de informação. Precisamos de mais dados que evidenciem as desigualdades, mas também que apresentem soluções para a tomada de decisão. Apoiar a pesquisa aplicada é essencial para que seus resultados possam orientar a tomada de decisão”.

Painéis temáticos e de pesquisas

O primeiro painel temático do evento discutiu os “Desafios para promover equidade na educação por meio da pesquisa aplicada”. Sonya Douglass, professora e pesquisadora do Teachers College, na Universidade de Columbia, chamou a atenção para a importância de um  currículo que não deixe de lado o ensino da história e cultura afro-americana nas escolas: “Estamos lidando com líderes políticos que proíbem livros e o ensino da nossa história. Não podemos deixar que eles determinem as informações que nossos filhos têm acesso. Temos que dialogar para garantir que os representantes que escolhemos lutem pelas causas que nos preocupamos e pelos nossos valores, que inclui o acesso à educação para nossas crianças”.

Michael França, coordenador do Núcleo de Estudos Raciais do Insper – Neri, destacou que “a educação é importante para enfrentar as desigualdades, mas não se pode jogar tudo nela. Com a pesquisa aplicada, podemos ter um entendimento das variáveis que afetam a equidade e desenvolver políticas públicas que respondam a esses desafios com intervenções mais robustas, a partir de projetos pilotos”.

Martin Carnoy, economista e professor da Universidade de Stanford, trouxe dados que afirmam que o gasto por aluno e o investimento na formação de docentes aumentaram na América Latina nas últimas décadas, mas que o Brasil piorou na desigualdade. “Há seis países com um aumento considerável no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes): Brasil, México, Argentina, Chile, Peru e Uruguai. Os investimentos fizeram com que os resultados melhorassem como um todo, porém, no Brasil, observou-se um aumento da desigualdade quando comparamos o desempenho de crianças mais privilegiadas em relação às de baixa renda. Reduzir as desigualdades nas escolas significa moldar os sistemas educacionais. É preciso um esforço coordenado para isso, que só é possível com as condições políticas corretas. Políticas de tributação e investimentos públicos podem apoiar a redução de desigualdades”.

Na segunda parte do evento, o painel “Pesquisas aplicadas em equidade na Educação Básica” distribuiu o público em três salas simultâneas, em que pesquisadores de diferentes instituições do País e do exterior lançaram 18 pesquisas. Cada sala contou com uma(um) mediadora(or) para discutir pesquisa aplicada em torno de três temas: “Gestão de redes municipais de educação e territórios”; “Dados e indicadores educacionais”; e “Gestão pedagógica e ambientes educacionais”.

Entre as pesquisas inéditas apresentadas, destaca-se o estudo “Gestão das redes de ensino e clima escolar: mapeamento das ações e uma proposta de matriz avaliativa sensível à equidade”, desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisa em Desigualdades Escolares da Universidade Federal de Minas Gerais (Nupede/UFMG), uma das seis pesquisas que foram fomentadas pelo Centro Lemann.

O trabalho concluiu que 45,7% das secretarias estaduais e municipais de educação avaliadas no País estão “parcialmente estruturadas” para gerir o clima e a convivência no ambiente escolar, e possuem algumas iniciativas voltadas para questões como violência, bullying e racismo, mas ainda não estão no nível máximo (“muito estruturado”) – patamar atingido por apenas oito redes (4,1%). 17,3% delas (34 secretarias), estão em um grupo intermediário, classificado como “estruturado”. O trabalho avaliou 196 secretarias de educação nas cinco regiões do Brasil.

Tarde com especialistas de diferentes áreas do conhecimento

Após o almoço, no painel “Pesquisa, educação integral e desigualdades”, o economista Ricardo Paes de Barros, do Insper, trouxe uma importante provocação sobre educação integral e desigualdades: “A educação integral reduz a desigualdade, aumenta a escolaridade e garante maior melhora no desempenho para a(o) estudante que sabe menos. Se estamos preocupados com a desigualdade, melhor começar debaixo para cima, com as escolas que têm pior desempenho e partir, depois, para aquelas com melhor desempenho”, indicando onde a pesquisa aplicada pode ser mais eficaz.

Roberta Biondi, do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social da FEA-RP/USP – Lepes, concordou com Paes de Barros: “É preciso pensar em uma política estruturada e são as pesquisas que vão embasar as políticas públicas. Talvez o Ceará tenha reduzido a desigualdade por ter começado com as escolas que tinham maior desigualdade”.

“Parcerias para fomentar pesquisa aplicada e promover equidade: cenário e oportunidades” foi o tema do quarto painel do dia, em que Kátia Schweickardt, secretária de Educação Básica no MEC, defendeu que o Brasil precisa medir o combate à desigualdade. “Nossa grande chaga é que nos organizamos enquanto país como uma sociedade racista. É preciso criar um indicador de equidade, que faça as escolas terem um avanço nos próximos anos”.

Para Iara Rolnik, diretora de programas no Instituto Ibirapitanga, “a maioria das lideranças de pesquisa para a equidade racial são brancas. A filantropia precisa centralizar o apoio institucional nos grupos de pesquisa para equidade racial. Esse é o primeiro tema a sofrer com as marés de retrocessos”.

O último diálogo do evento trouxe o tema “Dados e indicadores para promover equidade”. José Francisco Soares, professor emérito da UFMG, afirmou que raça e gênero não são suficientes no Brasil para um retrato das escolas, por isso, é necessário incluir o viés socioeconômico e, também, reforçou: “Se não há aprendizado, não há direito. É preciso colocar a desigualdade no indicador e no centro do debate. Os mesmos números que geram o Ideb como estão hoje, podem gerar outros dados”.

Guilherme Lichand, de Stanford, ressaltou que pesquisas censitárias nacionais podem ter um avanço rápido e efetivo ao reconhecer melhor seus estudantes e se aproximar do chão da escola. De acordo com o pesquisador, isso se dá devido à coleta de grandes dados, como o Censo Escolar, serem feitas a partir de heteroidentificação, com pouca consulta ao aluno em relação à sua raça ou possibilidade de apresentar deficiência ou transtorno educacional. 

Para saber mais sobre painéis e especialistas do evento, clique aqui.

Assista ao evento, na íntegra, clicando aqui.

Instituições de seis países realizam imersão em Sobral para formar coalizões pela alfabetização na América Latina

Centro Lemann coordena a  “Jornada de Implementação”, primeira etapa do processo da iniciativa para alcançar a alfabetização de todas as crianças latino-americanas

De 11 a 15 de agosto, 40 lideranças de 26 organizações da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru se reuniram em Sobral(CE) para participar de uma imersão e conhecer a experiência da rede de educação do município, iniciando um processo de colaboração regional.

A atividade integra uma ampla iniciativa liderada pelo Instituto Natura com apoio da Fundação Lemann, Fundação Coppel, Centro Lemann e Argentinos por la Educación,  e se concretiza por meio da articulação de duas jornadas que se complementam: 

  • Jornada de incidência política, para impulsionar mudanças nas políticas educacionais e campanhas para criar massa crítica sobre o tema;
  • e a Jornada da implementação, para apoiar a evolução das coalizões nacionais entre organizações financiadoras e implementadoras de programas de alfabetização junto ao poder público.

A Jornada da Implementação, cuja coordenação está sob responsabilidade do Centro Lemann, pretende promover colaboração e troca de conhecimentos, experiências e soluções entre instituições dos países participantes, de maneira a fortalecer a sua atuação no nível nacional ou subnacional.

A imersão em Sobral teve como objetivo iniciar essa trajetória e engajar as lideranças, promovendo oportunidades de trocas transnacionais que ampliem a capacidade das coalizões de desenvolver e implementar estratégias efetivas para alcançar a alfabetização plena e na idade adequada de todas as crianças latino-americanas, além de inspirar as lideranças com a revolução educacional pela qual passou o município.

Programação e participantes

Durante os quatro dias de imersão, as(os) participantes conheceram a política educacional sobralense. Nas escolas de Ensino Fundamental e de Educação Infantil, conversaram com as gestoras(es) escolares, estudantes e professoras(es) para se aprofundar nas estratégias da rede de ensino, que fortaleceram a educação pública da cidade, referência no Brasil e no mundo.

Em outros momentos da agenda, puderam dialogar com lideranças políticas locais, participar de rodas de conversa para discutir o papel do terceiro setor nos avanços da alfabetização em nosso continente e dar suas contribuições para o desenho coletivo do Compromisso.

Também foram criados espaços para fortalecer vínculos e trocas entre lideranças e países e condições para que as interações continuem remotamente, culminando na estruturação do Compromisso, quando todas as instituições se juntarão às organizações participantes da Jornada de Incidência Política.

Nesta etapa de imersão em Sobral, além do Centro Lemann, as seguintes instituições estiveram representadas e trabalharão juntas para cumprir os propósitos da Jornada de Implementação: Argentinos por la Educación, Associação Bem Comum, Ciae Universidad de Chile, CIIPME (CONICET – Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas), Enseña Perú, Faro Social y Educativo, Fundação Lemann, Fundación Compartamos, Fundación Coppel, Fundación Luker, Fundación Perez Companc, Fundación Rassmuss, Fundación Zorro Rojo, Grupo de Empresas y Fundaciones (GDFE),  Instituto y Fundación CMPC, Instituto Natura, Instituto Natura América Hispana, Instituto Natura Argentina, Instituto Natura México, Por un Chile que Lee, Propuesta Dale, PUC Chile, SUMMA, Unesco e Universidad de Chile.

Evento “Diálogos pela Equidade na Educação: contribuições da pesquisa aplicada” está com inscrições abertas

Promovido por uma parceria entre Fundação Lemann, Centro Lemann e Núcleo de Estudos Raciais (Neri) do Insper, o evento levará grandes nomes da pesquisa e do debate educacional brasileiro à sede do Insper no dia 22 de agosto, em São Paulo.

Estão abertas as inscrições para o evento “Diálogos pela Equidade na Educação: contribuições da pesquisa aplicada”, agenda criada em parceria entre Fundação Lemann, Centro Lemann e Insper com o objetivo de articular pesquisadoras(es), lideranças educacionais e especialistas para compartilhar e potencializar a inserção da equidade na agenda de pesquisa aplicada voltada à Educação Básica.

Com data marcada para o próximo dia 22 de agosto, no Insper, o encontro tem inscrições gratuitas e limitadas para pesquisadoras(es), comunicadoras(es), lideranças nacionais especialistas em educação e em equidade e investidoras(es) em pesquisa aplicada dos setores público e privado.

Diálogo

Embora as desigualdades de aprendizagem sejam um fato indiscutível, seu enfrentamento ainda necessita de mais diálogos e produção de pesquisa aplicada. Ao mesmo tempo, é necessário que lideranças políticas e educacionais estejam comprometidas com soluções para vencer esse desafio e possuam subsídios robustos para tomar decisões que tragam respostas efetivas para os problemas.

Por isso, as instituições organizadoras do evento vão proporcionar um dia de discussões e debates para refletir sobre as diferentes perspectivas que envolvem o papel da pesquisa aplicada no trabalho de quem decide os destinos da educação, para que possa ser acessada por todas(os) estudantes, sem exceção.

O primeiro painel, “Desafios para promover equidade na educação por meio da pesquisa aplicada”, terá a participação de Sonya Douglass, do Teachers College, Columbia, Martin Carnoy, de Stanford, e Michael França, do Núcleo de Estudos Raciais do Insper – Neri, com mediação de Anna Penido, diretora-executiva do Centro Lemann.

Na segunda parte da manhã, 18 pesquisadoras(es) de diferentes instituições e regiões do Brasil compartilharão resultados de pesquisas realizadas no País em três mesas simultâneas. Entre essas(es) pesquisadoras(es), equipes que receberam fomento do Centro Lemann (Chamada Aberta 2022) apresentarão seus trabalhos finais.

A mediação será das(os) consultoras(es) do Programa de Fomento, Tatiane Cosentino Rodrigues, pesquisadora da UFSCar, membro do Comitê de Especialistas do Centro Lemann e Leandro Marino, estatístico e gerente educacional da Fundação Bradesco, além de Fernando Carnaúba, professor assistente em Stanford e co-fundador do Instituto Canoa.

À tarde, no painel “Pesquisa, educação integral e desigualdades”, Daniel Duque, pesquisador do Neri/Insper e da Norwegian School of Economics, Ricardo Paes de Barros, do Insper, e Roberta Biondi, do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social da FEA-RP/USP – Lepes,  abordarão a educação integral sob as lentes da equidade, a partir dos achados de suas pesquisas. A mediação será de Carolina Ilídia, gerente de educação da Fundação Lemann.

Em seguida, no painel “Parcerias para fomentar pesquisa aplicada e promover equidade: cenário e oportunidades”, Kátia Schweickardt, secretária de Educação Básica no MEC, Iara Rolnik, diretora de programas no Instituto Ibirapitanga, e Matheus Gato, coordenador de projetos do Afrocebrap, vão conversar com Paulo Blikstein, professor na Universidade de Columbia, onde dirige o Transformative Learning Technologies Lab, o Lemann Center for Brazilian Studies e a Iniciativa Paulo Freire.

Para encerrar as exposições do dia, José Francisco Soares, professor emérito da UFMG, Priscilla Bacalhau, pesquisadora da Escola de Economia da FGV e colunista da Folha, além de Guilherme Lichand, de Stanford, realizarão o painel “Dados e indicadores para promover equidade”. Eloya Rocha, coordenadora de equidade racial da Fundação Lemann, vai moderar a reflexão sobre a importância de dados e indicadores na redução de desigualdades e na promoção da equidade na Educação Básica.

As inscrições para participar podem ser feitas gratuitamente, por meio deste formulário: link

As vagas são restritas. Garanta já a sua!

AGENDA DO DIA

9h às 9h30 – Boas-vindas e abertura institucional 

9h30 às 10h30 – Painel “Desafios para promover equidade na educação por meio da pesquisa aplicada”

10h50 às 12h40 – Painéis “Pesquisas aplicadas em equidade na Educação Básica”

14h10 às 15h10 – Painel “Pesquisa, educação integral e desigualdades “

15h40 às 17h – Painel “Parcerias para fomentar pesquisa aplicada e promover equidade: cenário e oportunidades”

17h às 17h45 – Painel “Dados e indicadores para promover equidade”

17h45 às 18h – Encerramento

Veja a programação na íntegra.

Sobre as instituições organizadoras do evento

Fundação Lemann – organização de filantropia familiar cuja atuação está fundamentada em dois focos estratégicos: educação e lideranças. Desde o plano de longo prazo desenhado em 2021 tem compromisso transversal com a equidade, especialmente racial. Historicamente, a Fundação Lemann investe em universidades, por meio de bolsas de estudos e fomento à pesquisa, apoiando Programas e Centros dentro e fora do país, em especial para a realização de pesquisas e formação de lideranças voltadas à transformação do Brasil em uma nação mais justa e avançada para todas(os). Parte de seu plano para os avanços da educação até 2031 é ampliar a discussão e a produção de pesquisa sobre equidade na educação, fortalecendo o ecossistema e os debates para os próximos anos, com compartilhamento de aprendizados e conhecimentos.

Centro Lemannorganização independente, apartidária e global idealizada pela Fundação Lemann e inspirada pelo município de Sobral, no Ceará. Nossa razão de existir está em apoiar e motivar a formação de lideranças políticas e educacionais para que promovam Educação Básica de qualidade com equidade no Brasil e no sul global. Também fomentamos a produção de conhecimento aplicado para que as lideranças possam tomar decisões com base em dados e evidências.

Insper – instituição sem fins lucrativos dedicada ao ensino e à pesquisa cuja missão é promover a transformação do Brasil por meio da formação de líderes inovadores e pesquisa aplicada — atuando com excelência acadêmica e visão integrada das áreas de conhecimento.

Núcleo de Estudos Raciais (Neri)rede voltada para a produção e difusão de pesquisas e evidências empíricas. A partir de uma rigorosa análise dos dados, apoia o debate público de modo multitemático, buscando entender as diversas dimensões que afetam a mobilidade social do Brasil, e como as desigualdades se manifestam e se reproduzem. A missão do núcleo é contribuir para que o resultado da vida das(os) brasileiras(os) não seja um reflexo do lugar onde nasceram, da renda, da classe social, do gênero e da raça. Faz parte do Insper.